quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vó Elza

_Étore! Étore! Acorda!
_An? Que foi Mãe?
_A vovó morreu.

Minha vó era uma vó ótima, cozinhava aquelas coisas gostosas que só avós sabem fazer. Lembro dela sempre sorridente, rindo de tudo. Aquela senhorinha magrinha de cabelos grisalhos mas sempre extremamente elegante. Cumprimentava a todos com um abraço, e ensinava aqueles acanhados que "abraço bom é abraço forte".

_Étore, você ainda vai no show?
_Vou Mãe, não to triste.

Nunca me senti triste com a morte da minha vó, na verdade de ninguém. Não vejo o porquê da coisa. Mas não confunda tristeza com saudade, eu sinto muita falta dela. Daquela afeição pelas palavras cruzadas e os netos. Do rosto dela na cozinha, sempre lá, dia, noite, frio, calor era meu porto seguro. Saber que lá, lá eu sempre teria um abraço e um cafuné de vó.

_Étore, sua tia vai te levar na rodoviária e depois vai pro enterro.
_Okay, quando chegar em São Paulo eu te aviso.

Seres humanos fantásticos são as avós, sábias, carinhosas, sorridentes e um poço de amor incondicional, não que amor de mãe não seja, mas é diferente, amor de vó é mais tranquilo, é mais quentinho, é mais sonolento.

_Eai Filhão? Gostou?
_Se eu gostei Pai? Foi o melhor dia da minha vida!

Não vejo nada errado no que fiz, sei que minha vó teria orgulho de mim. Ela que sempre falava que "felicidade é a melhor coisa" ou "fica triste não Étore, sorri que o mundo lhe sorri de volta". Não chorei a morte da minha vó, não chorei porque a amo, sinto saudades mas me mantenho feliz, pois assim que ela me ensinou.

"Não fica triste por isso não bobo..."




Nenhum comentário:

Postar um comentário