segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Um texto imortal

Eu queria escrever um texto imortal, sabe? Aqueles que mesmo depois de anos parecem atuais, como Auto da Barca ou Hamlet mas não conseguia pensar num tema. No começo ia escrever sobre a crise mas vai ver o dinheiro não dure pra sempre. Pensei em escrever sobre a minha família mas ela, infelizmente, é mortal. Talvez o amor poderia ser um ótimo tema mas, pensando bem, o amor acaba muitas vezes. A vida poderia ser o assunto, porém a vida só dura até a morte(por mais óbvio que possa parecer) e sobre a morte? Bem, a morte acaba em si própria, pelo menos o que conhecemos dela. Vagando pelos assuntos pensei num texto sobre deus mas ele também se encerra na morte.
Por que é tão difícil escrever algo que as pessoas vão se lembrar pra sempre?
Percebi que era isso. Algo imortal que vitima todos nós era essa necessidade de não ser esquecido. Essa vontade de ser lembrado que dura mesmo depois da morte. Shakespeare não vai ser esquecido tão cedo, nem Gil Vicente. Eu compartilho algo em comum com os maiores escritores da historia: Coloco meus pensamentos em palavras pois não quero que eles se percam, não quero que sejam esquecidos e, o mais importante de tudo, quero ser lembrado.

domingo, 30 de agosto de 2015

Maldito dia

Maldito dia que
descobri que aqueles fonemas
e sílabas juntas
podiam chorar, gritar e amar.

Juro que era feliz,
por completo.
Mas chegou o dia,
e ela bateu a porta.

A poesia entrou!
E me fez refém,
me botou em cheque
e disse: Escreve!

Eu obedeci.
Passara muito tempo que
ela elevou a cárcere privado
e hoje um total cativeiro.

Não era feliz,
não conseguia.
Antes de apreciá-la
jogava nas palavras.

Do mesmo jeito que
jogava todo o resto.
E assim o caldo ia
engrossando a lágrimas.

Me tornei fantoche,
um oco receptor de sentimentos
e exportador de palavras.
Mas aí então percebi.

Maldito dia que
descobri para haver-me felicidade
deve haver poesia e
para isso deve haver tristeza.

sábado, 29 de agosto de 2015

A Milhares de Estrelas

Então você é o garoto que fica me confundindo
com milhares de estrelas.
Que me vê em todos os vultos femininos
e que me ouve em qualquer sinfonia.

Ah, garoto. Talvez não perceba
mas você está apaixonado.
Muito mais, está a meu bom grado
porém triste por não ser acalentado.

Esse sentimento é doído,
marca a pele e sangra o ouvido
de um coração que dele a sofrido.
Mas é o melhor e o mais divertido.

Menino, você me confunde
porque sou todas as estrelas,
estou em todos os vultos e
canto cada fonema que escuta.

Até o dia que seja blasé;
até o dia que me esquecer;
até o dia que me odiar
ao ponto de me chamar de puta.