domingo, 30 de agosto de 2015

Maldito dia

Maldito dia que
descobri que aqueles fonemas
e sílabas juntas
podiam chorar, gritar e amar.

Juro que era feliz,
por completo.
Mas chegou o dia,
e ela bateu a porta.

A poesia entrou!
E me fez refém,
me botou em cheque
e disse: Escreve!

Eu obedeci.
Passara muito tempo que
ela elevou a cárcere privado
e hoje um total cativeiro.

Não era feliz,
não conseguia.
Antes de apreciá-la
jogava nas palavras.

Do mesmo jeito que
jogava todo o resto.
E assim o caldo ia
engrossando a lágrimas.

Me tornei fantoche,
um oco receptor de sentimentos
e exportador de palavras.
Mas aí então percebi.

Maldito dia que
descobri para haver-me felicidade
deve haver poesia e
para isso deve haver tristeza.

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