domingo, 31 de maio de 2015

pessoas certas

Quanto mais amo
Quanto mais declamo
Quanto mais apaixono
Menos encontro esperanças

É este meu problema
Cronológico, de querer
Sempre amar
Os tipos errados de pessoas certas.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O que vai fazer da sua vida?

Depois de uns 10 minutos conversando com um homem bem sucedido, chega a pergunta: 
_Eai garoto? O que vai fazer da sua vida?
_Eu quero fazer Cinema.
_Cinema!- assustado
_Sim, cinema.
_Que desperdício, hein garoto! Você é uma menino tão inteligente, com notas tão boas, por que não faz uma engenharia de produção ou medicina? Aposto que passaria em uma federal fácil, fácil.
Depois disso o perguntei, qual foi sua faculdade. E ele respondeu:
_Eu fiz engenharia de produção na federal do Rio- diz num tom quase que arrogante. 
_Agora me diga uma coisa, você é feliz?
_Ora, claro que sou, hoje tenho uma situação confortável, posso entrar numa loja e comprar o que eu quiser, posso colocar meus filhos nas melhores escolas...-continuou por mais alguns minutos. 
_Okay. Você tem dinheiro, mas você é feliz? Eu sei que cinema não me trará dinheiro, mas eu vou acordar de manhã com um sorriso no rosto sabendo que eu estou fazendo o que gosto, e não fiquei preso dentro de um escritório qualquer fazendo contas e planilhas pra no final chegar em casa querendo esquecer do trabalho e ver o futebol. Você passará uma vida toda de conforto sem reflexão e realização, não trabalhará seu senso crítico muito menos revolucionará no seu campo, devido ao interesse ser apenas monetário. Agora eu que digo: Que desperdício, hein garoto?

domingo, 24 de maio de 2015

Num mar seco

Estou a deriva
Num mar seco
Esperando capitanear
Por estas terras

Ó chuva
que nunca caíste
Vejo tuas nuvens passarem
Mas nunca ficarem

Contínuo devaneio
de findar o seco
Mas passo meus dias
a deriva, a deriva.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Posso ter hipertensão

As vezes sinto um flagelo
Uma pontada forte no coração
Dai me lembro de você
E a dor de esvai, curada pela paixão.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Segundas-feiras

Nunca conheci deus.
Talvez ele não exista, talvez ele seja um velho de barba branca e bata impecável, talvez seja só mais um cara no meio de uma multidão que atravessa a rua em Tokyo, talvez seja um escritor carente que precisa que até suas criaturas o amem.
Não sei a resposta e quando souber não terá mais como escrever. Porém do pouco que sei, tenho certo uma coisa:
Ele odeia segundas-feiras.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Um grande buraco no meio da avenida

Hoje passei em frente a uma obra que está acontecendo na avenida principal, perto da minha casa. Cerca de 10 ou 12 homens estão trabalhando, reconstruindo a tubulação do ribeirão que passa embaixo da rua.
Tem um buraco enorme, deve ter uns 6 ou 7 metros de altura e é realmente muito grande em largura, mas o que mais me espantou foi que existia umas 4 ou 5 pessoas que não tinham nada a ver com o projeto, mas estavam lá olhando de cima na calçada os outros trabalharem naquele enorme buraco.
É fascinante como as pessoas se entretêm facilmente, não é preciso TV nem cinema quando se tem uma tubulação dantesca na cidade, que por sinal é bem pequena e isso pode ser um dos motivos de tanta gente querer ver o acontecimento.
Tinha um ali que estava animado, parecia que era natal, mas logo se cansou e foi embora com a bicicleta. Também estava ali uma senhora que olhava todos com desdém, porém ficou olhando pra obra e não saia de lá, vai ver assim se sentia importante. E também o mais impressionante, o moleque, que menino chato esse, não podia mexer em algo que ele lá de cima gritava:
_Ou! Não é assim que faz!
Mas que depois de uma bronca e um dedo do meio também foi embora.
As pessoas se interessam por coisas muito idiotas e extremamente triviais, não sei o que é pior, eles olhando pra um grande buraco no meio da avenida, eu que fiquei observando eles olharem pra um grande buraco no meio da avenida ou você que leu todo esse texto sobre eu observando um bando de gente olhar pra um grande buraco no meio da avenida.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Rubi

O exterior é frio e gélido
Porém sua alma é aconchegante
Como o sopro de um dragão
Me aquece sob seu olhar
Que repousa em seus olhos de rubi

E aquele dragão de fino porte
Me rapta e leva-me
Para meu mais longínquo coração
Me prende em masmorras maciças
Que se desfazem com seu beijo

Onde fostes minha amada?
Me torno prisoneiro daqui
Esperando aquele olhar
De olhos de rubi

domingo, 10 de maio de 2015

Nós vivos

Estamos sempre a procura de dar prazer a carne e sermos o mais puros para os outros ao mesmo tempo.
Passamos a vida sendo desgastados por outros corpos, que no final não nos dão a mínima.
Do momento que em rompemos o lacre começar a morrer e temos isso como destino unânime para todos, não importa de onde é, nem sua especialidade. Vamos acabar.
Estamos sempre pré dispostos a ficar repousos em berço esplêndido, esperando que uma grande mão nos tire de lá.
É, no final somos sabonetes.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A autenticidade do ser

Quem sou eu?
Usamos máscaras pra cada grupo social que encontramos e somos identificados por elas. Mas em qual tenho a cara limpa? Talvez nenhuma. Portanto, qual máscara mais se assemelha a esse rosto anteposto a ela?
Segundo meu professor, somos mais autênticos perto dos amigos, porém não me sinto verdadeiro nem perto de "amigos" nem de amigos, nem de família muito menos de "família".
Me encontro verdadeiro nos versos, nas frases e cada fonema conectado, aqui sim minha face é exposta, aqui tiro minha máscara de ferro e exponho minhas belezas e cicatrizes.
Talvez a autenticidade não seja algo criado ou formado e sim nascido. Nunca escolhi escrever, eu faço por simples e pura necessidade, é como uma paixão lancinante que a cada parágrafo chego mais perto dos lábios da amada.
Talvez a personalidade seja isso, um amor extremo à uma máscara, ao ponto de usá-la constantemente tornando-a face.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

entropia de versos

As vezes minha mente entra
numa entropia de versos
que consomem galáxias de palavras
feitas por astros silábicos,
não restando nada,
só o só.