quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Maldito filósofo grego.

Deixando claro,
eu não tenho poder
nenhum sobre você.
Você é sua, e apenas.
Mas por mim:

Pode ser santa,
piriguete;
Pode ser donzela,
heroína;
Pode ser moça,
velha;
Pode ser plebéia,
rainha.

Queira fira,
ferida;
Queira ame,
amada;
Queira peralta,
tranquila;
Queira sonsa
apaixonada.

Lhe clamo uma coisa
que me poupará muita dor,
por mais que eu seja lacônico,
de tudo que possas ser;
de tudo que possas fazer
só não seja platônico.

sábado, 31 de outubro de 2015

Meu amigo José.

_José, cadê você? - pergunta ao celular.
_No mesmo lugar de sempre, por quê?
_Porque eu te conheço há 16 anos e eu sei quando você vai fazer merda.

A ligação cai. João encontra José.

_Que que você ta pensando?
_Eu, João? O que você está pensando?
_Seu psiquiatra me ligou. Eu sei o que está acontecendo.
_Ótimo, então não vai tentar me impedir.
_José, você é forte, inteligente, não pode se deixar abater por qualquer coisa não.
_ Ai ai - ri descontroladamente- é irônico você usar meu nome justamente antes de falar isso. Maldito Carlos Drummond de Andrade, me amaldiçoou com este poema.
_Como assim?
_João, sabe quantas vezes eu tentei acreditar nisso, que eu sou duro, que eu marcho? Sabe quantas vezes me vi no "a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu"? Mas de todas aquelas estacas que vocês chamam de versos, uma só foi agoniante o bastante pra me deixar sem sono. Nunca achei resposta pra tal. Nunca achei razão, muito menos vontade de procura-la. 
_Qual?
_Você sabe que eu não acredito em horóscopo. Como de praste, não acredito nem em deus, vou por fé em umas luas e estrelas. Mas voltando, eu nunca acreditei em horóscopo, desde pequeno eu sempre soube que aquilo era feito de modo ambíguo para que pareça que aconteceu mas na verdade são todos iguais com palavras diferentes, são todos falsos, são todos distração. 
_O que isso tem a ver?
_Eu lia o horóscopo todos os dias, não sei o porquê. Só fazia. Vai ver era falta do que fazer, ou um pequeno faixo de esperança de encontrar esperança, anyway. Eu li, todos os dias o que aconteceria com Escorpião. Você vê, eu não acreditava naquilo, eu não gostava daquilo mas mesmo assim estava eu lá para mais um jornal, para uma falácia.
_José, você não está mais fazendo sentido.
_Eu nunca acreditei na vida. Mas como eu disse: eu decidi parar de ler o horóscopo.

João sem reação, deixa seu gauche amigo naquele lugar lúgubre. Sem antes abraçá-lo e dizer que o ama. Foi tomar um cerveja, foi continuar sua vida.

_João, joão...algum dia saberás.

Em algum bar sujo há quadras do acontecimento, João finalmente entendeu, depois de alguns copos.

_ José, e agora?
   José, para onde?


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os trens de Sumidouro

Escrevo todos os dias na minha cabeça.
Mas parece que quando
vou buscar os textos no fundo dela,
eles já correram pra mente de outro.

Talvez eu não fosse o suficiente.
Foram pros mais felizes,
pros mais tristes.
Eu continuo mediano, aqui. Gauche.

Só assistindo essa imensa estação
"intercabeçária" entre minhas orelhas.
Enquanto as palavras transitam
e meu coração parte.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Monólogo: Pai.

Ahhhh, infância. Terra dos inocentes, onde se colhe a felicidade. Lá achamos os heróis, escondidos debaixo de responsabilidades e estresse. Lá encontramos estas criaturas, até então, fantásticas. São incríveis, trabalham, cuidam da gente, fazem comida, nos limpam, sempre têm tudo sob controle. Ahhhh doce infância, ainda é pueril e não enxerga, e nem deve, a verdadeira face do vida.
Ohhhh adolescência. Terra dos pervertidos, onde se colhe a humilhação. É lá onde a vida se mostra a vadia, que ela é. Vemos que nossos santos heróis passam todos os dias por encruzilhadas e que as vezes lá poem-se a conversar. As criaturas, agora não tão fantásticas, mostram-se horrendas, falhas e o pior de tudo: humanas.
Ohhhh, a vida adulta. Fazenda de discórdia, onde se colhe desespero. A face que hoje é dada não será a de amanhã e mesmo machucada aparentará forte, intocada e retumbante. A doce mel que é o orgulho, mel esse que é de vespa. As criaturas hoje já são heróis, hoje já não são importantes e não vivem mais nos itinerários.
Ahhhh finalmente, a velhice. Deserto de dissipações, onde tudo que poderia ser colhido, foi. Entendo-vos agora criaturas, entendo-vos pois não fui perfeito; entendo-vos pois falhei porém agora percebo. Falhei pois sou humano e nada tenho de difamar-me. Hoje vejo o quanto morreram por mim até se esgotarem. A humanidade de cada é o que torna-nos únicos. Percebo agora que sou criatura também, que também fui herói e diabo mas hoje sou humano. Humano, pai. Pai, humano.

Por que estas palavras são tão antagônicas com sentidos tão iguais?

sábado, 19 de setembro de 2015

Um burro falando errado é ignorância.
Um intelectual falando errado é ironia.

As tormentas espaçadas

As tormentas estão mais espaçadas. Pensei que já teria passado este mar tortuoso, ele é arisco. No momento em que você acha que chegou em águas calmas vem de fronte uma onda que quase engole o navio e te faz reconstruir tudo de novo. As tormentas estão mais fortes.

Maldita Rainha que me pois aqui. Pensei que encontraria luxo, riquezas, mulheres; mas não, vivo de rum, escorbuto e suor. Tudo por causa daquela mulher. Arrrr se um dia eu a visse de novo. Se pudesse simplesmente falar pra ela tudo que me fez passar por motivos tão pequenos que não merecem nem estarem aqui.

Os corsários me cercam todos os dias, eu me rendo todos os dias. Mas por algum motivo estranho eles se recusam a me matar. Talvez eles sejam cruéis o bastante pra perceber que continuar aqui é minha maior dor. Ou vêem que o navio não tem nenhum tesouro.

Toda manhã eu vejo minha saída deste inferno que boia, aquelas ilhotas sempre me confundiram. Como conseguem se camuflar tão bem a ponto de acharmos seguros para descer. Talvez seja o canto das serias que me traga aqui.

Eu me apaixonei por uma sereia uma vez. Pior decisão já feita. A peguei cantando pro segundo imediato logo depois de mim. Eu também fingi que não vi quando ela o levou pro fundo do mar, dói menos.

Escrevo isto porque não tenho mais esperanças, espero que quando alguém encontrar, por favor, ache-a! E traga-me! Porque um marujo sem riquezas tudo bem, mas um homem sem esperanças não é um homem. É apenas um morto que ainda não se deitou.

sábado, 12 de setembro de 2015

Not religious

I'm a Brazilian. To people that don't know, it's the big piece of samba, soccer and butts in South America.
Growing up at a city that was very catholic I saw how religion influence people in a lot of ways.
My family is very open-mind so when I was 8 I decided to became a Buddhist. And my mom, she's Spiritualist, just supported me.
A lot of religions popped into my head at the moment that I discovered that I had to believe in something and I had to choose a god to be my paw.  Thinking about believing I started to search in books and the internet about the infinite of gods that humanity created. Then I found Buddha, just a guy who want to live in peace according to his thoughts. "Man! That's the dream", I remember that I thought exactly these words when I read about it.
So I became a Buddhist, and I passed 6 years being. Then in a Sunday morning, when I was studying American History(for fun, I'm a strange person) I found Deism. Deism is more a category than a religion. It's described like: It's your way to see a god, with your thoughts and your dogmas.
And again I thought: "Man! That's the dream". I don't want to follow someones thoughts about god. I know him/her/it better than anyone for me. So I should tell me what is it and what to do, even if he/she/it doesn't exists. 
I'm not against god, if you want to believe or not that's your problem. I'm against religion, no one can tell what is god, because god is something that only us can describe. God is like a color, we'll never know exactly the way the guy next sees a marine-blue, and he can be a color-blind. That doesn't matter. So let's start keep our god to ourselves and let the others discover theirs.
Pensamentos inteligentes não tornam as pessoas geniais. Porém pessoas geniais transformam pensamento em inteligência.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Never Forget


I'll never forget the little girl from Vietnam running naked and burned to the camera.
I'll never forget the monk that was carbonized by soldier for liberty of religion.
I'll never forget Guantanamo.
I'll never forget Iraq.
I'll never forget Fat Man and Little Boy.
I'll never forget Africa and the dictatorships in South America.
I'll never forget Aylan.

Nunca esquecerei a face daqueles que viram as torres caírem.
Nunca esquecerei do som que a Torre 2 fez ao cair.
Nunca esquecerei as histórias de todos aqueles que não foram trabalhar no dia.
Nunca esquecerei, principalmente, daqueles que foram trabalhar no dia.
Nunca esquecerei da bravura dos bombeiros e da honradez dos policiais.
Nunca esquecerei que mesmo descomunalmente jovem lembro da face da minha família.
Nunca esquecerei que o século em que vivemos começou naquele momento.

O Estados Unidos é vilão? O Estados Unidos é vítima? Hoje eu vi gente dos dois polos, na interweb em que habito, falando que todos do EUA deveriam morrer junto com seu imperialismo que causa fome na Africa e etc até pessoas falando que o EUA deveria matar todos os muçulmanos que atacam os cidadãos de bem sem motivo algum. Tudo que consigo abstrair disso é que, hoje em dia, somos muito políticos. As pessoas conseguem enxergar as coisas com uma visão tão gélida quanto o corpo do garotinho sírio(as vezes tem de ser indelicado pra entender-lhe).
O EUA é isso, o EUA é aquilo. Primeira coisa, antes de qualquer Estado o ataque foi aos humanos. Não me importa se eles comem hambúrguer ou tabule. A "América" é culpada por inúmeras coisas mas também é vítima de várias, esse dualismo político só mostra o quão atrasado nós somos em matéria sociológica.
"Today a way of life came under attacked" but how many you fought against?

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Sobri'ei

As estrelas se foram
A festa acabou
Sobri'ei-me

A garrafa tentou
Meu fígado gritou
Mas como um anjo caído
Até o fim aguentou.

E aqui estou
Na sargeta
Esperando
O próximo táxi.